segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012




Cidade Cemitério é de Brasília-DF. O conjunto é formado por Jully nas cordas grossas, Poney nas cordas finas, Daniel nos tambores, pratos, bilros e Manga nas cordas vocais tratadas com casca de romã. Nesse início de ano, o conjunto baila com o seu novo e primeiro registro, o álbum "Asa Morte". Talvez tu não entenda bem o nome da banda e o título do álbum, mas só quem tem uma relação mais estreita com a capital desse país é capaz de saber a representatividade que esses nomes possuem. Brasília, cidade planejada para girar a engrenagem do sistema nacional, poda suas pernas com a foice invisível, mascarada pelas ruas largas, pelos lugares longíquos, pelos carros acelerados e pela falta de contato humano, cidade erguida para poucos, na qual muitos ficam às margens dos rabiscos de Niemeyer, nordestinos, negros, sofredores e esperançosos de que algum dia a luz clareie melhor as sombras de suas vidas, embaçadas por esse sistema-morcego. E é nesse contexto que o disco do Cidade Cemitério gira, hardcore/punk com letras que te fazem pensar se é esse mundo, essa sociedade que queremos, com seus preconceitos, suas violências, suas intolerâncias e suas hipocrisias. Esse disco é pra você negro que é oprimido pela polícia (máquina opressora  que produz depressão e sofrimento), é pra você mulher que não pode andar sossegada com seu short curto pelas ruas da cidade, é pra você gay, nordestino que é espancado por amar diferente, por ser brasileiro de sotaque lindo, esse disco é pra você que não se encaixa nos padrões da família tradicional constituída, nos padrões da igreja, na ditadura da televisão e mídia, é pra você que não se conforma com as pessoas que te cercam, esse disco é pra você que ama, sentimento que Brasília e os concretos do planalto não oferece de forma gratuita. Ouça o disco aqui.



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